PARA UMA POÉTICA DAS LIGAÇÕES PRECÁRIAS
( sobre as paixões e os amores difíceis)
Não é pintura, nem gravura, nem desenho ou poesia. Trata-se de uma fusão onde ocorre a reunião de diversas instâncias plásticas formando um diálogo na tentativa de compor uma unidade. O essencial é que estes elementos se encaixem de diferentes modos, partilhando espaços, colocando em acordo suas singularidades e semelhanças.
do amor espiritual
Ansiosa por ver-te: desejo morrer! Colagens híbridas em caixa de madeira. 35 x 45 cm . 2004
(Tereza D'Ávila, fundadora da ordem das Carmelitas descalças, era nobre e rica, quando renunciou a tudo por seu amor à Cristo, neste trabalho transcrevo o poema dela, que faz menção ao que sentia durante o "extase". Usei xerox da face da primorosa escultura de Bernini "O extase de Santa Tereza".)
Assim, desenhos, gravuras, xérox, textos poéticos reescritos à mão, rendas, agulhas, linhas e fios metálicos, além de selos e pergaminhos vão equilibrando seus pontos de tensão, exercendo cada um o seu papel na busca de compartilhar uma mesma identidade.
Por não ver-te como quero: morro porque não morro! Colagens híbridas em caixa de madeira. 35 x 45 cm . 2004 ( São João da Cruz- 1542- Foi guia espiritual e ajudou Tereza D'Ávila em sua obra. É célebre pelo seu poema "A subida do Monte Carmelo", que segundo ele é o caminho do espírito. Transcrevi aqui, parte deste poema e coloquei um xerox do desenho que interpreta o lendário "Monte"
do amor carnal
Quando Di Cavalcante morou em Paris, deixou aqui um amor "Ivete", para quem mandava afetuosas cartas, nestas duas caixas ( acima e abaixo), usei xerox de algumas delas e de dois desehos dele, seriam interpretações ou lembranças do corpo dela? interferi criando uma roupagem sensual no corpo e coloquei frotagens de moedas antigas... porque amor e dinheiro...
do amor não correspondido
Mesmo com o coração esturricado, ainda poderemos dançar um tango! Colagens híbridas em caixa de madeira. 35 x 45 . 2004. Nestas duas caixas tomei emprestado partes de poemas de Augusta Faro, que fala de asas presas e de vontade de voar... de espera, enfim, transcrevi partes a bico de pena e interferi, interpretei com desenhos (grafite), algumas personagens da história da arte ( Vênus e Leda), usei orquídeas secas, agulhas presas, libélulas, fios de aço amarrando tudo e asas costuradas... só sofrimento!
Desde pequena sofro destes desatinos de vôos... Colagens híbridas em caixa de madeira. 35 x 45, 2004.
São os meus inventários pessoais, minhas impressões do mundo, do meu entorno e das imagens visuais ou subjetivas que habitam os meus arquivos. Colagens híbridas são trabalhos plenos de memória, neles o refugo do atelier, a gravura que não deu certo, o pedacinho de papel que sobrou, a renda guardada durante anos; encontram uma nova morada, (eternizam-se) no sentido de eternizar-se por não se perder no tempo, melhor dizer; descansam tranqüilas aninhadas umas às outras, costuradas para uma poética das ligações precárias...
A CAIXA DOS AMORES IMPOSSÍVEIS-REMENDOS
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A caixa dos amores impossíveis/remendos. Colagens híbridas. 84 x 54. 2002/2008.
OUTRA COISA
Muy interesante,son colages donde fusionas el amor y la muerte de una forma formidable.
ResponderExcluirMe gusta tu trabajo.