sábado, 19 de março de 2011

MAKING OF - Um Banquete para o Tempo

CONVITE da Exposição Homero Massena 29 de Março (19h) a 29 de Abril // Visite meu blog > romildapatez.blogspot.com // Site em mautenção > romildapatez.com

Um banquete para o tempo se trata de uma instalação onde o centro da galeria será ocupado por uma  mesa de jantar  com dois lugares postos nos seus extremos...
O ponto focal desta mesa é a sua grande  toalha feita de gravuras em papéis japoneses,  emendadas umas às outras, formando um mosaico gigantesco de retalhos de papéis.
O tema explorado nestas gravuras é o corpo, não propriamente o corpo, como o vemos, mas os arcabouços que sustentam esse corpo.

Dezenas de gravuras de ossos se juntam para falar da nossa condição de finitude; do tempo que temos e de nossa frágil condição. O que espero é abrir uma reflexão sobre a temporalidade do ser, e de nossa luta para barrar a ação do tempo sobre as coisas e sobre nós mesmos ,  mas ele sempre vence ao final, e de nós, de nossa memória física restarão apenas os ossos.

Apesar de tomar os ossos  como objeto estético deste trabalho, não quero passar uma idéia de morbidez ou de morte; mas de vida, porque morte e vida completam-se como um ciclo de continuidade ...

e por isso tento me expressar com delicadeza sobre esse assunto, tentando de algum modo apaziguar o angustiante peso a  que ele nos remete



...através de um apelo estético que possa instigar no espectador um caminho para a contemplação.
Não sei se vou conseguir; espero saber depois, e por isso convido a todos a participarem deste inusitado BANQUETE.

Todo banquete implica em muitos momentos de preparação que o antecede... e foram muitos, posso garantir!






















COLAGENS HÍBRIDAS




PARA UMA POÉTICA DAS LIGAÇÕES PRECÁRIAS

( sobre as paixões e os amores difíceis) 

Não é pintura, nem gravura, nem desenho ou poesia. Trata-se de uma fusão onde ocorre a reunião de diversas instâncias plásticas formando um diálogo na tentativa de compor uma unidade. O essencial é que estes elementos se encaixem de diferentes modos, partilhando espaços, colocando em acordo suas singularidades e semelhanças.
do amor espiritual
Ansiosa por ver-te: desejo morrer! Colagens híbridas em caixa de madeira. 35 x 45 cm . 2004
(Tereza D'Ávila, fundadora da ordem das Carmelitas descalças, era nobre e rica, quando renunciou a tudo por seu amor à Cristo, neste trabalho transcrevo o poema dela, que faz menção ao que sentia durante o "extase". Usei xerox da face da primorosa escultura de Bernini "O extase de Santa Tereza".)

Assim, desenhos, gravuras, xérox, textos poéticos reescritos à mão, rendas, agulhas, linhas e fios metálicos, além de selos e pergaminhos vão equilibrando seus pontos de tensão, exercendo cada um o seu papel na busca de compartilhar uma mesma identidade.


Por não ver-te como quero: morro porque não morro! Colagens híbridas em caixa de madeira. 35 x 45 cm . 2004 (  São João da Cruz- 1542- Foi guia espiritual e ajudou Tereza D'Ávila em sua obra. É célebre pelo seu poema "A subida do Monte Carmelo", que segundo ele é o caminho do espírito. Transcrevi aqui, parte deste poema e coloquei um xerox do desenho que interpreta o lendário "Monte"


                                                                       do amor carnal


Quando Di Cavalcante morou em Paris, deixou aqui um amor "Ivete", para quem mandava afetuosas cartas, nestas duas caixas ( acima e abaixo), usei xerox de algumas delas e de dois desehos dele, seriam interpretações ou lembranças do corpo dela? interferi criando uma roupagem sensual no corpo e coloquei frotagens de moedas antigas... porque amor e dinheiro...

Para mim, o sentido poético dessas experiências é descobrir as possibilidades de conjugar as pulsões de cada elemento, suas cargas individuais, seus códigos particulares, tentando buscar um equilíbrio plástico por meio destes mosaicos de fragilidades remendadas, que lembram relicários, ou caixinhas de segredos e memórias guardadas.


                                                           do amor não correspondido

Mesmo com o coração esturricado, ainda poderemos dançar um tango! Colagens híbridas em caixa de madeira. 35 x 45 . 2004. Nestas duas caixas tomei emprestado partes de poemas de Augusta Faro, que fala de asas presas e de vontade de voar... de espera, enfim, transcrevi partes a bico de pena e interferi, interpretei com desenhos (grafite), algumas personagens da história da arte ( Vênus e Leda), usei orquídeas secas, agulhas presas, libélulas, fios de aço amarrando tudo e asas costuradas... só sofrimento!


Desde pequena sofro destes desatinos de vôos... Colagens híbridas em caixa de madeira. 35 x 45, 2004.

São os meus inventários pessoais, minhas impressões do mundo, do meu entorno e das imagens visuais ou subjetivas que habitam os meus arquivos. Colagens híbridas são trabalhos plenos de memória, neles o refugo do atelier, a gravura que não deu certo, o pedacinho de papel que sobrou, a renda guardada durante anos; encontram uma nova morada, (eternizam-se) no sentido de eternizar-se por não se perder no tempo, melhor dizer; descansam tranqüilas aninhadas umas às outras, costuradas para uma poética das ligações precárias...






                                   A CAIXA DOS AMORES IMPOSSÍVEIS-REMENDOS

 

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A caixa dos amores impossíveis/remendos. Colagens híbridas. 84 x 54. 2002/2008.




OUTRA COISA